28 de maio de 2020

On quinta-feira, maio 28, 2020 by Marcio Furlani in , ,

1 - Introdução

Como uma empresa lida com seus colaboradores durante uma economia desafiadora ou com uma crise sanitária, como a que vivemos no primeiro semestre de 2020 com o advento do COVID19, determinará quão bem a empresa pode reter seus principais colaboradores.
Embora, em geral, as atitudes dos colaboradores diminuam em tempos econômicos incertos, existem grandes exceções, dependendo de como a gerência trata os trabalhadores.
As empresas precisam gerenciar essa incerteza e esses ciclos de negócios, estando antenados no que acontece no mercado mundial e se antecipar, e não fazer esse gerenciamento de crises dentro delas.
As empresas precisam adotar estratégias, antes que ocorram eventos negativos de negócios, que atenuem o impacto da incerteza sobre os colaboradores.  Os empregadores precisam evitar o gerenciamento de pessoas. como itens de despesa no orçamento, para que possam reter trabalhadores quando os tempos forem bons.


As empresas devem adotar as seguintes etapas para formular uma estratégia de resiliência para tempos difíceis, tais como:


2.1 - Preste mais atenção aos colaboradores de alto potencial, que provavelmente sairão em tempos difíceis.

Isso deve-se que em momentos difíceis, os colaboradores de alto potencial provavelmente terão outras oportunidades, pois a busca desse tipo de profissional, esses que são equilibrados em suas competências, habilidades e atitudes, aumenta significantemente, pois as empresas querem isso, mais competência, habilidade e atitude, pois dessa forma, conseguem maior diferenciação no mercado.


2.2 - Considere o desenvolvimento de uma estratégia de retenção para colaboradores de alto potencial que inclua um forte foco no desenvolvimento de carreira.

Dê a esses colaboradores, projetos especiais para atender às suas necessidades de realização e verifique se eles estão aproveitando as oportunidades de treinamento e desenvolvimento.


2.3 - Crie uma "cultura de parceria”.

Empresas com uma "cultura de parceria" superam consistentemente seus concorrentes durante os períodos de boom e desaceleração. Uma cultura de parceria é caracterizada por 12 características, incluindo confiança básica, perspectiva de longo prazo, tomada de decisão conjunta, comunicação aberta, compartilhamento financeiro e tratamento diário equitativo. Esses valores precisam ser seguidos diariamente, principalmente em tempos difíceis, para que uma cultura de parceria funcione.


2.4 - Crie maneiras de todos os colaboradores contribuírem para os objetivos de eficiência e eficácia da empresa.

Um mecanismo excelente são os esforços de compartilhamento de ganhos.
Como o nome diz, é um método para compartilhar ganhos com os colaboradores - os ganhos que os próprios colaboradores alcançam para a organização. Esses programas são muito motivadores e realmente exemplificam uma cultura de parceria.


2.5 - Concentre-se no comportamento local de supervisores e gerentes imediatos.

Comportamentos simples de gerenciamento, como o reconhecimento oportuno dos colaboradores, o apoio ao seu desenvolvimento contínuo e o fornecimento de treinamento e orientação, significam muito para eles - especialmente quando estão ansiosos.
Durante esse período, é ainda mais importante ser consistente entre palavras e ações e criar um ambiente em que todos sejam respeitados. Esses líderes e gerentes devem receber orientação sobre como entender suas próprias reações - e de seus subordinados -. enfatizar e como desenvolver estratégias de enfrentamento.


2.6 - Não pare de realizar avaliações periódicas dos colaboradores.

As empresas precisam avaliar quão ansiosos seus colaboradores e líderes estão se sentindo em relação a questões internas e externas, e quão bem sua cultura e práticas de gerenciamento estão protegendo.
Monitorar os níveis de estresse dos colaboradores, suas percepções de suas cargas de trabalho e atentar-se ao desgaste.


2.7 - Crie confiança e compartilhe informações francas

Um empregador que trata seus colaboradores como verdadeiros parceiros faz todos os esforços para evitar demissões. A chave é que os colaboradores confiam na gerência - que sentem que a gerência está sendo absolutamente aberta e honesta e está fazendo tudo o que pode para amortecer momento difícil. Se cientes disso, os colaboradores se engajam com a estratégia de enfrentamento da empresa e dessa forma o corpo se torna menos vulnerável a ameaças e suas bases outrora construídas com muito empenho, tornam-se cada vez mais fortes.



É fato que a cultura empresarial de muitas empresas não se consolida na premissa de se antecipar à problemas, ao invés disso, esperam que os momentos difíceis venham e tentam enfrentar o problema dentro do problema.
Isso é notório na atual situação que enfrentamos nesse momento (Pandemia Covid-19).
Muitas empresas desenvolveram estratégias já dentro do problema, como a adequação dos canais digitais e sistemas de entregas eficientes.
Esse tipo de enfrentamento ocasiona nos colaboradores um estresse substancial, pois eles precisam se adequar a funções ou habilidade e competências sem ao menos terem habilidades para tal. Com isso o senso de segurança dos colaboradores torna-se frágil, fazendo que eles se indaguem o quão capacitados são.
Como essas situações não podem ser mudadas e o enfrentamento à crise deve sempre continuar, a melhor opção é gerenciar os colaboradores não só em suas competências, habilidades e atitudes, mas também auxiliá-los em seus aspectos cognitivos e psicológicos.
A empresa que se importa dessa forma com seus colaboradores tem maiores chances de retê-los. Pois é de conhecimento de quase todos que os colaboradores não são retidos apenas pelos salários que ganham, mas também pelas pessoas que os representam e com os cuidados extraprofissionais que os rodeiam.



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